Pedro Frazão: O Homem Que Não Sabia Amar




Não é fácil falar sobre Pedro Frazão. Não porque ele seja uma pessoa complexa ou difícil de entender, mas porque é impossível capturá-lo em palavras. Ele é um enigma, um paradoxo ambulante, um homem que é ao mesmo tempo tudo e nada.

Conheci Pedro há alguns anos, em uma festa. Ele estava sentado sozinho em um canto, bebendo uísque e olhando para o vazio. Aproximei-me dele e começamos a conversar. Logo percebi que Pedro era diferente de qualquer pessoa que eu já havia conhecido.

Ele era inteligente, culto e tinha um senso de humor ácido. Mas havia também algo de triste nele, como se estivesse carregando um peso invisível sobre seus ombros. Perguntei-lhe o que o incomodava, e ele simplesmente disse: "Não consigo amar".

Não consegui entender o que ele queria dizer. Como alguém pode não conseguir amar? O amor é uma emoção fundamental, tão natural quanto respirar. Mas Pedro insistiu que era verdade. Ele disse que nunca havia sentido amor por ninguém, nem mesmo por sua própria família.

Fiquei intrigado e fascinado. Passei os próximos meses me encontrando com Pedro regularmente, tentando entender sua condição. Ele me contou histórias de sua infância, de sua família e de seus relacionamentos passados. A cada história, eu ficava mais confuso.

Pedro teve uma infância feliz. Ele era amado por seus pais e tinha muitos amigos. Mas quando ele tinha 12 anos, sua mãe morreu em um acidente de carro. Pedro ficou arrasado. Ele se trancou em seu quarto e se recusou a sair por dias.

Depois da morte de sua mãe, Pedro mudou. Ele se tornou quieto e retraído. Ele parou de ir à escola e começou a passar todo o tempo sozinho. Seus pais tentaram ajudá-lo, mas ele os afastou. Ele disse que não precisava deles. Que ele poderia cuidar de si mesmo.

Aos 18 anos, Pedro saiu de casa e se mudou para São Paulo. Ele conseguiu um emprego em um bar e começou a viver uma vida solitária. Ele nunca se envolveu em relacionamentos sérios e nunca teve filhos. Ele simplesmente passou seus dias trabalhando, bebendo e assistindo televisão.

À medida que envelhecia, Pedro ficou cada vez mais cínico e amargo. Ele perdeu a fé na humanidade e acreditava que o amor era uma ilusão. Ele disse que as pessoas só se amavam por interesse ou por solidão.

Mas, apesar de seu cinismo, havia algo de esperançoso em Pedro. Ele ainda sonhava em encontrar alguém que o amasse de verdade. Ele ainda acreditava que o amor existia, mesmo que fosse uma ilusão.

Nunca vou esquecer o dia em que Pedro me disse: "Eu não consigo amar, mas ainda sonho com isso". Naquele momento, percebi que Pedro não era um homem que não sabia amar. Ele era um homem que estava morrendo de vontade de amar.

Pedro Frazão morreu alguns meses depois de eu conhecê-lo. Ele morreu sozinho, em seu apartamento, com uma garrafa de uísque ao lado da cama. Nunca saberei o que aconteceu com ele naquela noite. Mas sei que ele morreu com um coração partido.

Pedro Frazão foi um homem que viveu e morreu em busca do amor. Ele foi um homem que nunca conseguiu encontrar o que procurava, mas que nunca desistiu de sonhar. Ele foi um homem que me ensinou que o amor é a coisa mais importante do mundo, mesmo que seja uma ilusão.

"O amor é a única coisa que vale a pena viver. Mesmo que seja uma ilusão, é uma ilusão que vale a pena acreditar." - Pedro Frazão